Resposta da Sociedade Goiana de Proteção aos Animais a carta da Sra. Ekaterina da UFG.
Publicado no jornal O Popular de Goiânia em 12/7
Animais em pesquisa
Causou-me perplexidade a leitura de duas cartas, publicadas neste conceituado jornal, condenando a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás pelo uso indevido e cruel de animais em pesquisa e ensino. Tais informações não são corretas.
Cabe esclarecer à sociedade em geral que o tempo de práticas utópicas e cruéis para com os animais foi deixado para trás com a evolução da ciência, com a conscientização ética de cientistas, médicos e médicos veterinários no uso de animais. Como presidente da Comissão de Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-GO) e membro do Comitê de Ética em Pesquisa do HC, há muito tempo tenho acompanhado os esforços da UFG, e em especial da Faculdade de Medicina, no sentido de usar alternativas aos animais sempre que possível, seja em ensino ou pesquisa.
Quando isso não é possível, o menor número de animais é utilizado, enfatizando que todas as espécies são merecedoras de respeito. Todos os procedimentos seguem os Princípios Éticos Internacionais da Experimentação Animal e as legislações pertinentes, procurando evitar o sofrimento dos animais, por meio de analgésicos e anestésicos que nunca faltam para estas práticas.
A Faculdade de Medicina conta ainda com o respaldo de um Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humana e Animal que avalia todas as pesquisas, para evitar maus-tratos aos animais e ao homem.
Este foi o primeiro Comitê de Ética do País a preocupar-se com os animais usados e é hoje referência nacional. Também a Faculdade busca parecer técnico-científico sempre que necessário junto ao CRMV-GO. Por fim gostaria de registrar minha admiração à dra. Marta Moria, digna promotora de Justiça deste Estado, a qual buscou todas as razões humanitárias e científicas, bem como pareceres de pessoas qualificadas no assunto para embasar seu posicionamento científico, ético e jurídico, sendo digna de nosso respeito por sua postura firme e coerente.
EKATERINA AKIMOVINA
Goiânia - GO
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Abaixo o e-mail da Sociedade Goiana de Proteção aos Animais enviada ao mesmo Jornal.
Prezado Sr. João Iunes,
Apesar de tentarmos enviar e-mail e não conseguirmos para a coluna Carta dos Leitores, tomo a liberdade de enviá-la ao senhor, editor chefe desse conceituado jornal, resposta à carta dos leitores, intitulada "Animais em Pesquisa", de autoria da Prof. Dra. Ekaterina Akimovina, nós da Sociedade Goiana e Proteção aos Animais, associação civil sem fins lucrativos e reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº. 300 de 1995, da Câmara Municipal de Goiânia, devemos informar o seguinte:
1) A função constitucional do Promotor de Justiça é a de proteger os animais conforme o artigo 1º, do Decreto 24.645/34;
2) Foi feito um Termo de Ajuste de Conduta entre o MP, Sec. de Saúde e CCZ de Goiânia, no sentido de proibir o CCZ de eutanasiar animais sadios. E esse Termo está sendo descumprido.
3) A Lei 9.605, em seu art. 32, parágrafo 1º é bem clara que nenhuma experiência dolorosa deverá ser imposta ao animal quando houver métodos alternativos.
4)Se os animais sadios não podem ser mortos no CCZ, por que poderiam ser enviado à Faculdade de Medicina para experiências e posterior morte?
Assombra-nos saber que o CCZ de Goiânia, cuja função é de controlar zoonoses (doenças transmitidas de animal para o homem) está totalmente desvirtuado,
atendendo as "encomendas de animais" para as faculdades de ciências biológicas. Basta ler a
Ata da Reunião do MP – dia 04/07/08
Dra. Ekaterina, basta olhar o canil da Faculdade de Medicina (temos fotos dos anos 2006 e de 2008) para concluirmos que o tratamento antes e pós procedimentos não são nada ético nem muito menos humanitários.
A UFG tem condições sim de ter as mais novas alternativas em termos de técnicas cirúrgicas, pesquisa, treinamento, etc. É só uma questão de vontade política. Por que não seguir o exemplo da USP, que é considerada uma das melhores universidades do país?
Dra. Ekaterina, o mundo avança a cada segundo, não podemos ficar presos aos modelos do passado. Hoje temos todas as informações apenas num toque de dedos. A ciência médica acompanha essa evolução e vida não tem preço, seja ela de humanos ou de animais.
E a senhora sabe perfeitamente, melhor do que ninguém que a utilização de animais na pesquisa, experimentação, etc., não é sinal de avanço da medicina, muito pelo contrário, posso citar alguns casos dos inúmeros já cientificamente comprovados de insucesso nesse tipo de procedimento já ultrapassado. Exemplos:
. Experimentos em animais falharam em prever toxidade nos rins do anestésico geral metoxyflurano. Muitas pessoas que receberam o medicamento perderam todas as suas funções renais.
. ) Flosin (Indoprofeno), medicamento para artrite, testado em ratos, macacos e cães, que o toleraram bem. Algumas pessoas morreram após tomar a droga.
. Clioquinol, um antidiarréico, passou em testes com ratos, gatos, cães e coelhos. Em 1982 foi retirado das prateleiras em todo o mundo após a descoberta de que causa paralisia e cegueira em humanos.
E por aí vai. Centenas de exemplos provando o insucesso da experimentação em animais.
Gostaríamos de registrar finalmente a nossa confiança na instituição MINISTÉRIO PÚBLICO. Temos certeza que uma nova avaliação será feita e o responsável pela tutela dos animais – ESTADO saberá encontrar o caminho certo, ético, moral e humano para o caso dos "CÃES DA UFG".
Senhor Editor, temos certeza de que a nossa resposta será encaminha à coluna "Carta dos Leitores", pois nada mais é que o nosso direito inalienável de resposta.
Atenciosamente,
Ana Maria de Morais
Sociedade Goiana de Proteção aos Animais - SGOPA
Presidente
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